Shimrit Meir, que atuou como conselheira sênior de Naftali Bennett quando ele era o primeiro-ministro de Israel, compartilhou uma análise contundente no New York Times, descrevendo o último sábado como um dos dias mais devastadores na história de Israel. Em sua análise, ela explora minuciosamente as razões subjacentes que tornaram o país vulnerável aos ataques terroristas perpetrados pelo grupo que controla a Faixa de Gaza.
Meir identifica o principal protagonista desses eventos trágicos: o Hamas. No entanto, ela destaca dois pontos cegos cruciais na abordagem israelense que impediram a antecipação dos desdobramentos. O primeiro ponto cego diz respeito à estratégia de tentar apaziguar o inimigo, com a esperança de que o Hamas eventualmente abandonasse suas raízes jihadistas. Ao invés disso, o Hamas viu seu braço militar crescer de uma pequena organização para um poderoso exército. O segundo ponto cego reside na divisão política interna de Israel, que desviou a atenção do país das ameaças externas e causou fragmentação na sociedade e, mais criticamente, nas forças armadas.
Nos últimos quatro anos, Israel dedicou a maior parte de seus esforços militares na Faixa de Gaza para conter a Jihad Islâmica da Palestina, uma pequena organização apoiada pelo Irã. Enquanto isso, o Hamas, que governa Gaza, expandiu seu poder militar, acumulando dezenas de milhares de mísseis e unidades de comando de elite. Israel manteve sua atenção na Jihad Islâmica da Palestina na tentativa de evitar um conflito em grande escala em Gaza, mas, ironicamente, acabou sofrendo perdas significativas dentro de seu próprio território.
Meir explora o motivo por trás desse enfoque na Jihad Islâmica da Palestina, sugerindo que Israel acreditava que essa era a ameaça mais fácil de lidar. O Hamas, por sua vez, aproveitou essa abordagem e buscou a imunidade de facto para suas forças militares, além de receber financiamento mensal do Catar para atender às necessidades básicas da população, a fim de evitar agitações internas. Isso foi reforçado por políticos e líderes militares que, nos últimos dois anos, tentaram convencer o público de que o Hamas estava contido, não buscava uma escalada total e estava se consolidando como governo legítimo de Gaza.
Agora, muitos em Israel estão se perguntando como uma das melhores agências de inteligência do mundo não conseguiu identificar os sinais claros. Meir sugere que preconceitos podem ter levado à ignorância de detalhes importantes, neste caso, uma concepção equivocada sobre a verdadeira natureza do Hamas e suas intenções.
Meir encerra enfatizando que o Hamas é, de fato, um grupo terrorista determinado a eliminar o povo israelense. Ela rejeita as narrativas divisórias que buscam legitimar moralmente os atos do Hamas e argumenta que a paz na região depende de Israel recusar qualquer forma de chantagem e concentrar seus esforços em neutralizar a ameaça representada pelos terroristas do Hamas. Ela cita a famosa frase de Donald Rumsfeld: “A fraqueza atrai a agressividade”, destacando a necessidade de uma abordagem mais robusta para garantir a segurança de Israel e, por extensão, buscar uma resolução pacífica no conflito.